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Mostrando postagens de agosto, 2016

Obra com infinitos centros

            Como resumir, neste pequeno espaço, o livro que mais instiga, o romance mais importante da literatura brasileira contemporânea? Lembro o impacto sentido ao ler a obra pela primeira vez, emprestada de um bom amigo cujo gosto pelo autor beira a paixão. Confesso que temi iniciar a obra, embrenhar-me no rigor matemático em que conviviam o calculado e o imponderável, a ordem e o caos, a geometria e o lirismo. Abri Avalovara , fechei-o, abri-o de novo, olhos bordejando o texto como para logo seguir viagem. Partir c´est mourir um peau . Percebendo a morte, intuía o renascimento ao seu final. Hoje, após tantas leituras e releituras, o fenômeno se perpetua: espiralada, nasço e morro e renasço em infinitos centros.          O plano do livro é baseado na ideia da espiral e num famoso palíndromo latino, frase disposta em cinco linhas que se pode ler em todas as direções: da esquerda para a direita, da direita para a esquerda, de cima para baixo, de baixo para c

SESI fará exibições do cinema dinamarquês

Em setembro, o SESI do Parque Furquim realiza o especial “Dinamarca em Família”,  em parceria com o Instituto Cultural da Dinamarca                         Filmes sobre a produção cinematográfica dinamarquesa dos últimos 20 anos, desde as proposições do Dogma 95 até os cineastas autorais da contemporaneidade, chegam ao SESI Belmiro Jesus, do Parque Furquim, de Presidente Prudente, através do projeto Cine SESI-SP no Mundo dentro da mostra Dinamarca em Família , uma parceria com o Instituto Cultural da Dinamarca. A pequena mostra oferece ao público quatro sessões sobre esse importante segmento do cinema mundial, totalizando nove longas-metragens.             O público terá a oportunidade de assistir a filmes únicos num formato mais enxuto, limitado aos últimos 20 anos. O que deu muito certo, porque coincidiu com o chamado Dogma 95, que completou duas décadas. O manifesto lançado por Thomas Vinterberg e Lars Von Trier no intuito de criar um cinem

Grupo de leitura estreia com fábula absurda

Os grupos de leitura popularizam-se no Brasil como forma de ampliar repertórios e formar leitores mais críticos. Em apenas um encontro mensal, a ação proporciona espaço de diálogo.             Os clubes de livros são muito populares nos Estados Unidos e na Inglaterra. Nos últimos anos, esses encontros se espalharam também pelo Brasil, como maneira de ampliar repertórios e formar leitores mais críticos. Em São Paulo, há clubes consolidados em instituições como a Biblioteca de São Paulo, Biblioteca Mário de Andrade, Academia Paulista de Letras, incluindo livrarias e encontros organizados por editoras.             Para Rubens Shirassu Júnior, 55 anos, poeta, contista e revisor de textos, como mediador dos encontros mensais do clube “Leitura Viva”, um projeto aprovado e sendo realizado numa sala da Oficina Cultural Timochenco Wehbi, de Presidente Prudente, o mesmo tem apenas uma regra de funcionamento particular e pré-requisito: a leitura da obr

Imaginário

Serra Pelada 6, de Sebastião Salgado (1986) À Rubens Shirassu Júnior A batalha fumega ao sol da tarde no corre solto das formigas no debulhado choro, a mãe no seu coro, a ladainha a fábula de uma moral tacanha qual a fonte: um escritor francês - La Fontaine! ................................................ ................................................ ................................................ Sob o canto solto das cigarras! Celso Aguiar * Produtor cultural, poeta e pedagogo, de Presidente Prudente,  São Paulo

Fassbinder e a psique da Alemanha

O nome mais irrequieto e sua vida repleta de escândalos e fofocas             A vida de Rainer Werner Fassbinder, daria um filme mais escandaloso que o polêmico Querelle , seu testamento cinematográfico. Nome maldito do Cinema Novo alemão, Fassbinder foi um vulcão de criatividade. Em 36 anos de vida, dirigiu 43 filmes, além de ter escrito peças de teatro e roteiros para televisão. Morreu de uma overdose em junho de 1982.  Dez anos depois de sua morte, a biografia O Amor é mais Frio do que a Morte , escrita por Robert Katz, é um retrato, sem retoques, do cineasta. A figura pública de Fassbinder era bem conhecida. Gordo e inchado nos últimos tempos, olhos injetados, cigarro permanentemente no canto da boca, blusão de couro e calças de algodão amarrotadas. Fassbinder era o que parecia ser uma encarnação do desespero aplicado à vida. Habitué de saunas e bares homossexuais da pesada, foi protagonista de mais baixarias que seu ídolo Jean Gene

Apoio e respeito

            Como sempre gentil, atencioso e prestativo, Barbosa da Silveira, colunista do Caderno 2, de O Imparcial, de Presidente Prudente, publicou hoje (12.08), em destaque, uma nota divulgando a atividade do "Leitura Viva", na Página 3c, De minha parte, fico muito grato pelo voto de confiança, pelo apoio fundamental e pelo respeito de um dos mais antigos jornalistas da cidade!

Autores e livros esquecidos

Morto o autor, apagam-se o seu nome e sua obra             No contorno das comparações, são numerosos os pontos de aproximação entre as livrarias antiquarias e as bibliotecas públicas ou particulares, destacando-se para o interesse imediato deste trabalho há o fato de que tornam possível o desejado ressurgimento de não poucos livros e autores que foram marcos importantes da vida cultural. Depositárias de toda a produção literária, livrarias e bibliotecas mantêm a possibilidade e disponibilidade do que se escreveu e publicou em todo o mundo no decorrer de tantos séculos; fica, por isso mesmo, nas mãos dos alfarrabistas e pesquisadores, a possibilidade e, mesmo, a responsabilidade de fazer retornar obras e autores que formam, por algum tempo, celebrados como iminências da vida cultural e, posteriormente, caíram no olvido, sendo afastados de toda a programação editorial. Alguns reaparecem por qualquer eventualidade, como é o caso de Guilherme de Almeida,

Fora da ordem estabelecida

Interior grego de Jean-Léon Gérôme, de 1850 O poeta trágico grego reinterpreta subvertendo o mito de Dionísio             A tragédia “As Bacantes”, do terceiro e último dos trágicos gregos, Eurípedes tem sido desde a sua primeira apresentação, no festival dionisíaco do ano 454, objeto de polêmicas entre estudiosos da peça. Definida alternadamente como um manifesto contra o fanatismo religioso ou como elaboração poética do rito religioso, “As Bacantes” continua sendo um dos exemplos mais significativos do que se convencionou chamar “obra aberta” traduzida por Francisco Aschar, Antonio Medina e Ian Torrano. A peça foi publicada pela L&PM Editores.        As interpretações sobre a humanização do deus Dionísio, filho de Zeus e da virgem Sémele, que desce à terra como o atraente Baco, variam de uma alegoria contra a ordem estabelecida a uma intransigente defesa dos marginalizados pela sociedade.     E segundo essa perspectiva, os ensaí