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Mostrando postagens de 2016

Período de férias

Pintura: Island of Memory, de Vladimir Kush             Aviso aos amigos, simpatizantes e colegas que ao contar de 29 de dezembro de 2016, quinta-feira, estarei de férias num período de 30 dias. Por isso, conto com a paciência e a compreensão dos leitores, pois retornarei a produzir textos, prosseguir com o projeto de resgatar a memória de escritores esquecidos e a divulgar livros, no blog, em 29 de janeiro de 2017 (domingo).             Assim, escolhi para vocês, uma bela reflexão de Mário Quintana, para que o Ano Velho vá embora, levando o sofrimento da decepção em consequência dos tiros de tocaia, dos maledicentes, das falhas, entre outras coisas que habitam o universo particular, pois o Ano Novo dorme dentro de nós, na simbologia das palavras “olhos verdes”, uma questão do modo particular de enfoque. Esperança Mário Quintana Lá bem no alto do décimo segundo Andar do Ano Vive uma louca chamada Esperança E ela pensa que quando tod

Artigo em jornal literário de 27 anos

            O número 328 do jornal literário Linguagem Viva , de Rosani Abou Adal, publicou na primeira página de sua edição de dezembro de 2016, o artigo Paixão movida por compromisso , de Rubens Shirassu Júnior, poeta e contista de Presidente Prudente, sobre o livro SETENTA anos, poemas, leitores, de Dalila Teles Veras, de Santo André, que reflete sobre a questão milenar do feminino, os limites, as necessidades da população, entre outras coisas.             A publicação de Rosani Abou Adal, poeta, jornalista e vice-presidente do Sindicato dos Escritores no Estado de São Paulo, existe há 27 anos, sendo distribuída, primeiramente, aos assinantes, e em alguns pontos da capital, a exemplo de bibliotecas, livrarias, entidades, escritores e faculdades. Além de ser encartada no jornal A Tribuna Piracicabana. Em seu conteúdo editorial diversificado, o leitor encontrará crônica, conto, poema, ensaio e, na sua equipe de colaboradores, entre os quais, podemos citar

Problemas social e individual

Imagem: Maurício DS SÓ NO VISUAL “A dor da gente não sai no jornal” in Noticia de Jornal (Luís Reis e Haroldo Barbosa) na voz de Chico Buarque as pessoas estão nas ruas                       ou das ruas as pessoas fugiram é hora de dizer a que vieram                    ou vieram sem saber porque se o movimento diz 100 mil                      e a autoridade diz 20 mil ou menos ou mais quem creditaria?      ou mais ou menos quem desconfiaria? Só no visual percebemos                         só no virtual ainda cremos Estamos no mesmo barco à deriva         ficamos no mesmo parto da esquina indo ao trabalho                                          voltando pra casa construindo projetos                                  realizando as promessas por sonhar pagando os tributos               que aos santos prometidos foram mas seguimos em frente                           e esquecidas foram as lições isto é vida, caminhar, renovar            

Dor entranhada no subsolo

Seu livro sugere sair da superfície do romance tradicional e se lançar à exploração do que se escondia nos subterrâneos  da vida do homem enquanto ser universal e do povo interiorano             Algo existe de visionário apocalíptico em Lúcio Cardoso. A prosa e a poesia são os seus instrumentos de busca e sondagem. Tanto em seus quadros como na literatura refletia a densidade e as cores doídas. Imagens de um Brasil pesado na sua memória que ele retratava, buscando pelos cantos todos das suas lembranças. Cardoso cria e também oferece um mundo, chamando-nos a participar de suas visões, contagiando-nos desse perturbador e sutil poder de descobrir, fixar e nomear coisas transcendentais, seja pela palavra, seja pela forma e cor, com que admirável força, soberana e invencível, mergulha no conhecimento para transfigurar o caos. Semelhante a uma flor que só pode desabrochar, como um transfigurado pela poesia chocante da noite.             A intens

Combate nas trevas

Lúcio Cardoso e sua amiga Clarice Lispector foram estigmatizados por trabalharem com regiões obscuras Livro revela um mundo sem saída             Lúcio Cardoso viu a literatura como um combate nas trevas, luta que levaria necessariamente a um desfecho trágico – mas era a própria certeza da tragédia que, na esperança de adiá-la, movia o conflito. Quiseram compará-lo aos existencialistas e aos adoradores do nada, mas ele disse: “Do nada só se tira mesmo o nada, pois todo escritor tira sua criação, seja ela qual for, de seu fermento interior.”             Porque trabalhava com regiões obscuras, logo sua escrita foi associada a um tipo retórico de feitiçaria. Estigma que também cairia, depois, sobre a obra de Clarice Lispector e é só um tampão para o desprezo. Curioso: na juventude, aluno do Instituto Superior de Preparatórios, ele editou um jornal chamado A Bruxa . O fio arrastava-se, portanto, desde muito tempo.             A trama que se arma com as

Corcel de fogo

Uma sinfonia de vozes destoantes, mas sua trama poderia estar  em dramas de William Shakespeare ou peça de Nelson Rodrigues             Crônica da Casa Assassinada , de Lúcio Cardoso, livro publicado em 1959, quando tinha 47 anos e três anos antes de sofrer o primeiro da série de derrames que o impediria definitivamente de escrever. O romance, uma grande sinfonia de vozes destoantes, representa o ponto mais extremo de sua obra, hoje inteiramente esquecida, injustiça que o mais recente estudo Diários – Lúcio Cardoso , editados por Ésio Macedo Ribeiro, um calhamaço de 755 páginas, publicado pela Editora Civilização Brasileira, vem em parte reparar. É verdade que, já na época de seu lançamento, Crônica da Casa Assassinada provocou mal-estar, perplexidade e algum desprezo. Intimista, trágico, desesperado até, o livro avançou contra todos os cânones que regiam a literatura brasileira desde o Modernismo, desviando-se por um caminho pessoal cheio de

Projeção ambígua

“O poeta moderno não fala a linguagem da sociedade e não comunga com os valores da civilização atual. A poesia do nosso tempo não pode escapar à solidão e à rebelião, a não ser através de uma mudança da sociedade e do próprio homem. A ação do poeta contemporâneo só pode exercer-se sobre indivíduos e pequenos grupos. Nessa limitação talvez residam sua eficácia presente e sua fecundidade futura.” Octavio Paz             Lautréamont, nos Cantos de Maldoror , pelas características do personagem, comparando a todos os heróis “bons” impregnados de valores cívicos e morais, ele é o anti-herói por excelência, a contestação em estado puro, em uma época em que os heróis míticos tradicionais aparentemente perderam sua razão de ser porque, usando os recursos da tecnologia digital, somos capazes de realizar façanhas que ultrapassam, de longe, a ação de qualquer um deles.             “Mais ainda, no momento em que o psiquiatra cuida dos Don Juans, Romeus

O mundo transfigurado pela palavra

Claudio Willer, poeta, tradutor, ensaísta e uma assumidade sobre o Surrealismo e a Geração Beat J´ai tant revê de toi que tu perds ta realité Robert Desnos             O rito alucinatório do poeta Claudio Willer transfigura a palavra. A substância do poema é a revolta que substitui o mundo da ordem e da racionalidade instituído por um universo de leis e de medos. O vértice do pântano 1 O pântano é um espelho despedaçado – nele flutuam imagens conduzindo ao além-mar das derrotas, dos dias de angústia mais negra. Eu me perderei pelos labirintos e pelas mansardas, em busca de uma lembrança cercada por antenas trêmulas e lampiões chineses. Abrem-se as corolas para mais um abraço mortal do destino, e a cidade estremece e recua diante da proximidade do Apocalipse, enquanto percorro as ruas de muralhas desabadas e canteiros desertos, as mansões que aprisionam tempestades de gaviões negros. A cidade e seus serpentários,

Maldoror e estranhas experiências

Estou lendo Os Cantos de Maldoror , de Lautréamont, tradução de Claudio Willer, e Estranhas Experiências , do próprio Willer, como poeta. Ambos escritores explodem com as teorias acadêmicas, de ortografia e de gramática. Criam uma nova sintaxe. Muito interessantes.

Paixão movida por compromisso

“Meus poemas têm fome de humanidade e, contrariando o poeta, podem dizer o que penso ainda que eu, através do artifício da linguagem, induza o leitor a pensar que é ele que assim pensa. A função do poema, originada nas fomes, é justamente provocar outras fomes. Meus poemas têm fome do mundo que me cerca e das coisas que, de alguma forma, me perturbam e desassossegam.” ( Da entrevista Sobre poesia, ainda: Dalila Teles Veras, do blog Contra tanto silêncio, de Tarso de Melo. )             Para comemorar sua vida e obra, a poeta Dalila Teles Veras lançou Setenta - Anos, Poemas, Leitores (Alpharrabio Edições, 110 páginas, Santo André, São Paulo - 2016). Uma antologia de setenta poemas escolhidos dos quinze títulos publicados pela escritora ao longo de 34 anos de intensa vida artística e ativismo cultural. Os textos que ilustram as páginas foram carinhosamente escolhidos por 70 convidados (escritores e amigos da poeta) de diferentes id