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Mostrando postagens de junho, 2015

Haicais na transparência dos vidros

Neste local, as pessoas procuram relacionar-se, buscam na pesquisa o conhecimento, o entretenimento e a diversão no mundo virtual da web, mas esquecem de observar a beleza externa, as particularidades das pequenas coisas da natureza             Desde 26 de junho, quem passar pela Sala de Informática do Centro Cultural Matarazzo, de Presidente Prudente, notará que os vidros do local ganharam vida com o colorido da arte do grafite do profissional Leonardo Ferreira, mais conhecido como Leozinho, e a linguagem poética concisa e transcendental dos haicais de Rubens Shirassu Júnior, 54 anos, escritor, poeta e revisor de textos. A intervenção denominada “Haru, Natsu, Aki e Fuyu” (Primavera, Verão, Outono e Inverno) integra o especial “Nintai - Permanências” - uma homenagem aos 107 anos da Imigração Japonesa no Brasil – e estará à disposição do público em geral até 7 (terça-feira) de julho próximo, das 8h30 às 22 horas. A a

(De)precipício Poente

O QUE EU TENHO A DIZER SOBRE DEPRESSÃO Katrina Petra Relato Autobiográfico 96 Páginas R$ 29,24 Biblioteca 24 Horas www.biblioteca24horas.com 1ª Edição - julho de 2014 São Paulo Uma descida no poço profundo tendo como coadjuvantes os universos institucionalizados fechados dos consultórios e do ambiente familiar, em forma de poliedros.             O que me inquieta e fascina no relato autobiográfico de Katrina Petra, uma escritora que melhor retratou o drama psicológico de quem sofre e sente na pele, o ( de ) pre cipício poente da depressão. Um denso mundo de sofrimento, de angústia e de insegurança por não saber como vai acordar no próximo dia. Em seu primeiro livro permeia um clima de medo, de ansiedade, repleto de alucinações proporcionadas pelas altas dosagens de medicamentos, entrecortado pelos depoimentos sinceros, claros e corajosos ao expor as reações dos psicanalistas, do apoio incondicional dos cunhados e o est

O Figurante

Nos galhos mais altos, colher as ameixas proibidas no pomar da madrugada, quantas mais?             Davi queria um dia ser saudado como o Aladim do monociclo e, ao sentar-se no selim, liberta o gênio acorrentado aos pedais. Um forte, desafia de peito aberto, a legião de bárbaros de Golias. Sacola de feira no ombro, no seu passo miúdo e rebolante, empina a sunguinha e - macho não sente frio - sempre de manga curta.             Só tem olhos para as lindas atendentes nas portas das lojas. Esses perfis vistosos guardam distância de sua mãozinha boba.             Ele desdenha o pai, bonito, alto e corpo escultural, que o enjeita e não lhe reconhece a coragem e o talento artístico: - Você é que devia ter morrido. Não o teu irmão Sauro!             Davi não aceita apelido, exige por inteiro o nome. Embora mal chegue à altura do balcão, por isso, prefere a figuração no show de strip tease na boate Maria Padilha.             O incômodo torcicolo de semp

As Portas da Percepção: Ruptura de Céu & Inferno

ALÉM DOS LIMITES Maria Aparecida Pereira de Souza Poesias Literatura Brasileira 80 Páginas Tamanho: 14 x 21 RG Editores São Paulo - SP 2015             Há vinte e sete anos Maria Aparecida Pereira de Souza apanha um precioso pássaro vivo, toda canora em verso. O resultado da espera paciente e silenciosa é um livro leve, fluente e, sobretudo, bem lírico, mostrado nas páginas inventadas do pássaro livre de “Além dos Limites”. “Quero como pássaro voar / Buscar a tua presença / E sentir de forma intensa / A vida em meu peito pulsar. / É o amor sem limite / Que nasceu sem razão / Extrapola o infinito / Dos sonhos / Da ilusão.” ( Amor sem Limites, Página 15 ) .             Se, às vezes, os poemas de Souza ascendem a um mundo onírico – com visões fantásticas ou reminiscências infantis -, amiúde descem às preocupações terrenas e utópicas na esperança de um mundo mais justo e igualitário, que sobrepõe à realidade fantasios

O sumiço da Princesa

Gato Azul (1987) de Aldemir Martins É o movimento felino de um organismo plenamente ajustado às leis físicas, e que não carece de suplemento de infor­mação. Livros, escritores e místicos, sim, beneficiam-se com a sua presteza austera.             Sempre me pareceu que a palavra certa era algo as­sim como um passarinho que voa. E que, para apanhá-lo vivo, era preciso um meticuloso cuidado que nem todos têm. Fazer um texto não se pega no dicionário. Nem a laço, nem a grito. Não, o grito mostra a impulsividade, é o que mais o mata. É preciso esperá-lo com paciência e silenciosamente como um gato. Mas, o que escrevo hoje não interessa a ninguém, salvo a mim mesmo, ao papai, à Ellen. Meu caro leitor, deixo à vontade para mudar de coluna, o assunto é deveras piegas, pois trata-se de um gato. Pela primeira vez que o tomo para objeto de texto. Princesa estava na graça do crescimento e suas atitudes faziam-me religar ao encanto imemorial dos gato

Brumal de Pés Esfolados

Mas, nesse instante, o abraço vive, de apoio no meio de desertos habitados temos cactos nos peitos transpirados nascem flores sob os prantos mudos de cálices amargos sem a liberdade de escolher seus tetos projetando se enforcar. Ressoando como a música de loucos furando com a cabeça o céu sem traves, mas pesado astro acrônico siderado da lua salobre na design ação de Jorge de Lima na imensa e intangível constelação de estrelas pela distância. E todavia a palavra trava na garganta da grossa língua medrosa do não falar. A inação é a desculpa disfarce dos comandados, dos religiosos e dos políticos, como a demagogia, a irmã da hipocrisia, que ruminam há séculos. Existe o sol em várias constâncias com seus cerimoniais de escusas fomes. De que adianta limbos nascituros sem reminiscências e sem atitude. Como múmias geladas e sem sóis e eis o rio seco de pessoas alternadas marinhando salmouras redimidas repassa