Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de novembro, 2014

Pelo Campo Adentro

Ilustração de Rubens Shirassu Júnior Os pássaros voavam em linha no céu, muito longe, voavam para o oeste, agora guinaram como se estivessem procurando uma abertura, uma passagem no horizonte, o mar azul aberto em algum lugar.              Suava embaixo do chapéu de palha, e o sol batia à medida que rodava, virando e virando na subida da estrada íngreme e sulcada. Girando e girando num círculo cada vez mais amplo. - pensa. Havia um silêncio de séculos naquele lugar longínquo. Uma atmosfera de sono e sonho. Nada se mexia. Talvez, um longo tempo tinha se passado. Perdera a noção de espaço e de tempo. Em algum lugar, ao longe, um trem silvou, o grito solitário dos trens. Foi como despertar para uma nova realidade, uma chamada para o mundo paralelo, para a vida que abandona e inicia uma outra jornada em terreno desconhecido. E um trem viajando em seus sonhos para sempre, saindo da estação com sua carga preciosa, fretada, e nunca

Os Casos na Varanda

O povo navegava naquele mundo único, simples e claro povoado de lendas, mitos, sonhos e temores             Na minha infância gostava de ficar ouvindo conversas de gente grande. Bom era quando tinha visita, dos parentes, de amigos e colegas de trabalho de papai, para passar algumas horas em nossa casa. Gente de fora sempre trazia alegria e curiosidade, quebrava a rotina familiar, de dormir cedo e espantar o silêncio letárgico dos dias, das noites mornas. A sala e a varanda da casa ganham vida, as luzes eram acesas e sempre saía um agrado, que também alcançava as crianças, um saco de balas Chita, Juquinha ou Sete Belo, um pão ou bolo caseiro macio e artesanal, preparado no forno à lenha, aquele que apresentava em seus ingredientes a banha e a farinha, apalpado com todo carinho, empenho e zelo pelas mãos de mamãe ou presenteado por alguma vizinha leal ou mesmo amigos moradores de sítios nas imediações dos Parques São Mateus e São Lucas, é

Exílio Voluntário

Nosso pequeno mundo que ainda podíamos defender um dia ou dois, nosso mundo trêmulo de felicidade, sonâmbulo, irreal, fechado, tão louco, bobo e bom             Era preciso que ficássemos imóveis, talvez, respirando com mais cuidado, até que levássemos as mãos e os corpos de encontro. Então, tínhamos um suspiro de alívio. Havíamos vencido, mais uma vez, os nossos inimigos. Nossos inimigos eram toda ansiedade, preocupação, stress, inquietação, medo, apesar da população mesquinha e frívola da cidade imensa, que transitava lá fora, nos veículos, dos quais nos chegavam o barulho distante de motores, a sinfonia abafada das buzinas, às vezes, o ruído de um carro estacionando em frente de casa. Todos os barulhos, por mais intensos que sejam, caem nas águas do silêncio e viram gotas brilhantes como contas de vidro, fundem-se com as cores das auroras.             Tínhamos os ouvidos apurados, esperávamos quietos, a cadência das gotas batucando no

Palestra seduz o público

Anderson Braga Horta, poeta, ensaísta, tradutor e estudioso de poesia Marina Andrade musicou poemas de Augusto dos Anjos             Anderson Braga Horta surpreendeu a plateia na Quinta Literária com a palestra “O grotesco e o sublime em Augusto dos Anjos” , realizada em 13 de novembro último, falando sobre a poesia de Augusto dos Anjos, no centenário da morte do grande poeta paraibano. Entre os inúmeros amigos, familiares e membros da Associação Nacional dos Escritores (ANE), também compareceu o médico, escritor e diplomata Drago Stambuk, Embaixador da Croácia no Brasil. Após o evento, aconteceu o coquetel e, na oportunidade, a cantora Marina Andrade apresentou poemas de Augusto dos Anjos musicados por ela. O Palestrante             Filho dos poetas Anderson de Araújo Horta e Maria Braga Horta, Anderson Braga Horta nasceu em Carangola, Minas Gerais, em 17 de novembro de 1934. Em Brasília, capital do País, exer

Acontecimento raro

(Da direita para a esquerda) Ronaldo Cagiano e Whisner Fraga, novela escrita a quatro mãos             O jornal Opção, de Goiânia, em sua edição 2054, item “Opção Cultural – Livro, publicou em 16 de novembro de 2014, domingo, a crítica literária Na Moenda da Cidade Grande , de Adelto Gonçalves, doutor em Literatura Portuguesa pela Universidade de São Paulo (USP). O texto analisa o livro Moenda de Silêncios: Encontros & Desencantos na Metrópole (São Paulo, Dobra Editorial, 2012) de Ronaldo Cagiano e Whisner Fraga, uma das poucas novelas de formação no Brasil e, ainda mais, escrita a quatro mãos “é um acontecimento raro não só na literatura de expressão portuguesa como na mundial” – escreve Gonçalves.             “Para o poeta, ficcionista e crítico literário Rubens Shirassu Júnior , autor do texto das “orelhas” do livro, esta novela significa também “a procura de uma dignidade”, pois expõe os sonhos entrecortados pelas tentativas dos rapazes de

Poema para Manoel de Barros

Imagem do documentário Só 10% É Mentira de Pedro Cezar             Escrevi um poema para Manoel de Barros em 10 de julho de 2014. Os amigos, simpatizantes e colegas podem encontrá-lo hoje, sábado, 15 de novembro, na Página Inicial do portal Blocos Online (de Leila Míccolis e Urhacy Faustino) item Literatura - Poesia - Registro: Três homenagens a Manoel de Barros: Clevane Pessoa, Edilberto Djuba Pires e Rubens Shirassu Júnior.             Clique e acesse o link direto da página logo abaixo: http://www.blocosonline.com.br/home/index.php

A Cafonice dos Anos 80

            Ah, os anos 80... Em meio às tensões do esgotamento autoritário e a transição para um Estado democrático e a mobilização da sociedade civil, temos o surgimento de produções artísticas discutíveis, mas que dão um sabor especial com imagens errantes, pluralidade de linguagens e procedimentos. Uma época de exageros, de extravagâncias, mas sem medo de ser feliz! Participantes: Arte - Jaqueline Vasconcelos Cenário - Celso Aguiar Teatro Performance – Angela Afonso Música – Cida Ajala, Gabriel Abbade e Banda Provisória Escritores: Camila Mancini, Carlos Francisco Freixo, Célia Guímaro, Célia Marli Raimundo, Cida Correia, Cida Girotto, Diego Villas Boas, Leonícia Mussa, Neucélia Félix, Paula Hanke, Rubens Shirassu Júnior, Sinésio de Sousa, Suley Mara e Vânia Méscua de Mattos. Entrada: Alimento não perecível a ser doado ao Hospital Psiquiátrico Bezerra de Menezes A CAFONICE DOS ANOS 80 Associação

Brincadeiras atemporais no corpo

“Pensar o corpo é uma outra maneira de pensar o mundo” André Le Breton             O corpo da criança na escola fica condicionado às regras típicas de uma instituição fechada, a exemplo do internato de “O Ateneu”, de Raul Pompéia, pois a forma geométrica do espaço escola, traz a imagem concreta de poliedro, de caixa ou retângulo. A desigualdade social trouxe o desequilíbrio, o que aumenta os índices de furtos, roubos, sequestros e outros tipos de agressões. Acrescenta-se à situação, a propaganda da cultura do medo promovida pela maioria dos meios de comunicação. Estes os principais fatores reivindicados pelos pais dos alunos e conselhos de segurança dos bairros (Consegs) para que as secretarias de educação locais e a direção de escolas privadas alterassem, principalmente, o seu perfil físico de acolhimento, elevando a altura dos muros, adicionando cercas elétricas e, em grande parte dos educandários particulares, o circuito interno de televis

Madrugada que transporta

Ponte Rio-Niterói Viaja-se sem pontos de apoio, só com a bússola invisível da intuição             Há uma palavra que aprecio, no mais elevado dos sentidos, da língua portuguesa: madrugada, que me transporta, irresistivelmente, ao sonho. Madrugada do pensamento. Aquela em que, cheio de fantasias noturnas, nos lançamos em direção ao infinito.             Se o que busco não está na solidão do ermo, quem sabe esteja no burburinho das ruas e avenidas? Surge na mente The Bridge, de Sonny Rollins, uma composição que faz travessia na ponte aérea entre os universos do dia e da noite. Abre-se um outro mundo, um portal habitado pelos seres da noite nos subterrâneos daquele universo particular, intimista e místico. Assim, mesclam-se luzes e sombras na imensa teia de rendas negras. Nada melhor, portanto, do que ir ao encontro do sonho. Nada, ninguém controla o sonho e aquilo que o sustenta: os olhos do deserto, dos labirintos e ouvidos se constr

Composição meio jazzística

                    Recebi e agradeço à Biblioteca Municipal Ascânio Lopes, ao cronista José Antonio Pereira e a Relicário Edições pelo envio do convite para o lançamento do livro “Poemas Declives”, de Flausina Márcia da Silva. A noite de autógrafos ocorrerá em 8 de novembro, próximo sábado, às 19h30, na Chácara Dona Catarina, em Cataguases, Minas Gerais.   A Obra             Este livro da poeta mineira Flausina Márcia da Silva tem composição meio jazzística. São poemas solos e alguma prosa improvisada, concertados para declives em curvas perigosas. A tonalidade é feminina, são arranjos de mulher em harmonia com o ritmo duvidoso das possibilidades humanas. Alguns poemas se rebelaram das causas e outros simplesmente se encontravam em suas mãos. POEMAS DECLIVES Flausina Márcia da Silva 80 Páginas 1ª Edição Editora Relicário ISBN: 9788566786071 Encadernação: Brochura Formato: 14x21 Cataguases - Minas Gerais 2014

Lançamento da Semana

            Agradecemos à Editora 7 Letras e ao restaurante Carpe Diem pelo envio do convite para prestigiar o lançamento do livro “O Difícil Exercício das Cinzas”, de Ronaldo Costa Fernandes. A noite de autógrafos ocorrerá amanhã (quinta-feira) às 18h30, no restaurante Carpe Diem, de Brasília, Distrito Federal. Mais informações pelo Fone: (***61) 3225-5301. O Autor             Ronaldo Costa Fernandes ganhou o Prêmio Casas de Las Américas com o romance  O Morto Solidário , traduzido e publicado em Havana, Cuba, pela mesma Casa de Las Américas e, no Brasil, pela editora Revan. Agraciado, entre outros prêmios, o de Revelação de Autor da APCA e o Guimarães Rosa. Na área do ensaio, publicou em 1996, pela editora 7 Letras, o livro  O Narrador do Romance , prêmio Austregésilo de Athayde, da União Brasileira dos Escritores (UBE) do Rio de Janeiro. No final de 1997, ainda publica o romance  Concerto para Flauta e Martelo , pela editora Revan,