Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de agosto, 2014

Enfastiado

Noturno de agosto, fúnebre de ponteiros, uivos, choros e desgostos.

Prosa-elegia pro Chico Cabral

Ronaldo Werneck, Lina Tâmega Peixoto e Francisco Marcelo Cabral. Livraria da Travessa. Ipanema. Rio, 2011 Escrevemos                                    porque sabemos                                                que vamos morrer.                                                                                   Escrevemos                                    porque não sabemos                                          por quê.             “ Perdemos nosso amigo. Cabruxa partiu há meia hora”. Vindo do Rio, o telefonema da última quarta-feira, 20 de agosto, era da poeta Lina Tâmega Peixoto, e a notícia – embora esperada, mas não tão cedo – me deixou a nocaute. Cabruxa era como Lina denominava o seu, o nosso grande amigo, o poeta Francisco Marcelo Cabral, que eu aprendi desde a juventude a chamar de Chico-Chiquinho Cabral. Eu estivera no Rio até a véspera, gravando uma entrevista para TV e, naquele momento, já me encontrava em Cata

Bienal do Livro em São Paulo

Agradecemos o convite enviado pelo Consulado Geral da República Argentina em São Paulo, para o seguinte evento na 23ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo 2014. 26 de agosto, das 20 às 21 horas no Salão de Ideias. TERTULIA LITERÁRIA com José Eduardo Agualusa (Angola), Socorro Acioli (Brasil) e Elsa Osorio (Argentina). www.bienaldolivrosp.com.br

O Caos Armado de Rodas

Imagem: The New York Times Parece haver muita gente que acha que educação, respeito  e boas maneiras  não precisam se estender ao trânsito motorizado Em Presidente Prudente, hoje, tudo é voltado e (mal) planejado para as necessidades dos automóveis. Parece que as pessoas, em sua imensa maioria, desaprenderam a caminhar ou a se deslocar de outras maneiras. Mesmo para trajetos de 500m, elas optam pelo uso do veículo, seja próprio ou de transporte coletivo, talvez até pelo suposto status que o veículo particular possa conferir ao cidadão. Há uma enorme preocupação da Prefeitura em cuidar das pistas de rolagem, mas nenhuma em manter as calçadas minimamente trafegáveis para os pedestres e cadeirantes. É como se as calçadas fossem “terra de ninguém”; como se nenhum incauto fosse ousar caminhar a pé por elas. Acontece que há milhares de prudentinos que, por consciência ou por falta de opção, precisam caminhar pelas calçadas. E como é

As Investidas no Metrô

O crepitar das cascas torna-se mais constante e alto             A gente se sente igual a velho quando é objeto de caridades odiosas, como a ocorrida comigo e a Tatiana. O metrô estava cheio. Estávamos pendurados no corrimão. Notei então que uma jovem de uns 25 anos me olhava com um olhar piedoso. E houve alguns instantes de alegria fraternal em nossas cabeças e coração. Até o momento em que ela se levantou sorridente e me ofereceu o seu lugar. Foi um gesto de bondade. Com o seu gesto ela me diz: - O senhor me traz memórias ternas do meu avô.             Homero e Tatiana seguram com as mãos pesadas e firmes o corrimão do transporte - úmido, gorduroso e pegajoso. E os olhos olham para baixo e dos lados, para medir o tamanho dos degraus e a posição dos pés. Mas no dia em que os pés de Tatiana começaram a travar, sua cabeça compreendeu que os pés, já não sabiam como conheciam antes. Agora, primeiro é preciso o corrimão. Em segundo lugar virá a

Ao Pé da Lei de Murphy

A LETRA DA LEY Glauco Mattoso Série Mattosiana Volume 4 Coleção Dix Editorial Editora: Annablume Edição: 1 Ano: 2008 Idioma: Português Especificações: Brochura 144 páginas ISBN: 978-85-7419-854-5 Peso: 248g Dimensões: 14 x 21 cm São Paulo - Brasil             No volume 4 da Coleção Biblioteca Mattosiana, indicado como finalista ao prêmio Jabuti 2009, na categoria poesia, o paulista Glauco Mattoso apresenta dois ciclos de sonetos temáticos, dedicados à "Lei de Murphy" e à história do rock.             Na primeira parte, o poeta traz situações do cotidiano moderno, impregnadas de probabilidades pessimistas. Já na outra, o autor faz uma releitura da contracultura musical, citando os principais intérpretes e compositores do gênero mais anárquico e, ao mesmo tempo, mais comercial da história das artes: o rock.     Nos Rastros de Glauco             Os primeiros livros de sonetos de Glauco Mattoso, publicados

Veranico de Agosto

Tentáculos do sol chapiscam de iodo a folha de louro, veranico de agosto.

Oroboro

Crítica destaca livro de prudentino Silvério da Costa             “Cobra de Vidro”, de Rubens Shirassu Júnior, é um livro cuja poesia trajada a rigor, foge do convencional para inquietar e encantar o leitor com as sua ousadas ambivalências, fazendo-o refletir sobre o tudo e o nada existencial, numa linguagem densa, surrealista, em que se sobressai o pessimismo, seria niilismo? E o brado de revolta contra as injustiças de todos os quilates e latitudes, que nos são impostas por tudo e por todos os hipócritas de plantão, que não têm nada a ver com a realidade da vida.             O seu discurso poético tem uma conotação polissêmica ao falar da vida e da morte, do céu e do inferno, da dor e do prazer, do mundano e do sagrado, do terreno e do transcendental, do certo e do errado, enfim, do culto à natureza que tem nos pássaros e nas cobras os seus representantes maiores. A presença de OROBORO, a serpente que morde a própria cauda, num movimento c