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Mostrando postagens de fevereiro, 2014

Paganismo

Pã (Pan), deus grego ligado a Saturno Da alquimia da clorofila na matéria verde as almas nuas correm abrindo portas formando estrelas de pontas no topo dos hemisférios de elementos do ar, do fogo, dos raios, de trovões e relâmpagos clareiam orientando os caminhos pelas matas e florestas do pensamento secular clandestino atravessam a moldura, este desejo repleto de paganismo. Saturnais do titã, do céu e da terra agrícola, corre livre o paganismo no sábado. Seja o super-homem vadio e pedinte de abundância, um não-ser adaptável às normas da vida, e tarefas medíocres de labirintos negros, confusos e vazios. Seja a pura essência da energia em movimento, queira apenas o gozo das letras e do carnaval, entre o sossego das árvores, um gene de estrelas esfriadas, segue um mistério da alma, nesta passagem de efêmera sensação egoísta. O instinto nessa alma ressoa… No pão branco e no vinho vermelho de cada dia

Movimento, Memória e Tradição

Capa do caderno especial do Suplemento A revista Verde representou a conquista do interior brasileiro e rejuvenescimento do Modernismo                                     Em novembro de 2013, o Suplemento Literário de Minas Gerais, de Belo Horizonte, lançou uma edição especial que se chama A Modernidade Perene de Cataguases , organizada por Ronaldo Werneck. A produção do caderno teve a parceria entre a Secretaria de Estado de Cultura, Governo e Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais.             A contribuição de Minas para o Movimento Modernista não surgiu nem em Belo Horizonte, sua capital administrativa, nem em Juiz de Fora, sua capital industrial; surgiu numa cidadezinha singela, mas cheia de espírito progressista, com a revista Verde, de Cataguases, em Minas Gerais.             O ano de 1927 tornou-se um marco histórico para Cataguases, porque a vanguarda literária do Brasil olhou para a cidade, tornando a sua prese

Cinco Mandalas da Rosa Via-Láctea

Sobre um poema de Raquel Naveira Rosa branca, mesmo que não caiba no formato e na grandeza do vazio do século, perdura a beleza de sua frieza, apesar de muda e solitária. Rosa branca, imagem minimal turva esculpe uma lágrima, um coeiro estático da misantropia sob o verde campestre. Vi erguer-se a rosa branca em sua graça de marinheira pelo mar. No mesmo desapego da gaivota, em voo, traço preciso, luz e geometria, as pétalas brancas móveis, flutuam em espumas. Um arranjo de flor lacta, composição de equilíbrio e mandala da brancura. No meio do dia desolado, encanta o seu repertório de doçura.

Maritacas

No pé de Santa Bárbara, as sementes estalam, maritacas fofocam numa algazarra ao sol poente chacoalham.

O Processo de Estados

Espírito do mundo subterrâneo (à esquerda). Conforme a representação de um artista esquimó. Ao lado, uma representação de Nierika, passagem entre a realidade ordinária e a não-ordinária. Pintura dos índios Huichol, do México 53 Sopro esse bambu, persigo uma nota e alcanço, apenas, um tom doado pelo vento. 83 Flutuo fluido num éter imaginado pode ser azul, verde sem saber certo. Ah, diluir-me sobre o ventre da Mãe-Terra - ser a alta onda sonora que espera pela primeira estrela no prelúdio da noite, refletindo no espelho. Quero apenas o silêncio perene ao meu desligamento, o vento derramando a liberdade tranquila, além de mim – e entre mim e os sinais de Netuno, transcendo, sem medo, maresia em meus cabelos esvoaçantes, tenho todos os sonhos e idades. Rubens Shirassu Júnior             O “preço” que o xamã paga por seus dons é também uma conduta impecável, incompatível com a vaidad

Condutores de Energia

Sistema de vidência e cura, o Xamanismo está presente em todas as culturas primitivas e também na civilização De plenas manhãs a sabedoria do xamã muito adiante das telhas e estrelas, é elegante a dualista xavante.             Como ocorre em várias tradições médico-espirituais do Oriente, os índios guaranis reconhecem a existência de um corpo sutil sobreposto ao corpo físico. Os centros energéticos desse corpo sutil correspondem exatamente aos sete xacras das iogas indianas. A maior parte das doenças – e aqui não se distingue o somático do psíquico – vem do desequilíbrio dessa energia ou da intrusão de energias externas e desestruturantes. Karai Geguaka, 53 anos, defuma o corpo de uma menina com fortes dores abdominais, da cintura para cima. Sentado diante do ambaí, ao pé do fogo, conta a sua iniciação ao Xamanismo. “Meu sogro mandou eu fumar o petenguá. Fumei e Nhanderú Papa Tenondé, Deus Pai Todo-Poderoso. Não é um deu

Metáforas de Controle

"O Grande Irmão te observa"             O mundo de 1984, imaginado por George Orwell, está dividido em três superestados: Oceania, pelo sistema Ingsoc, contração de Socialismo inglês, com uma população de 300 milhões de pessoas, compreende as Américas, as ilhas do Atlântico, a África Meridional, a Inglaterra e todo o Império Britânico, que foi absorvido pelos Estados Unidos (a ação do livro desenvolve-se em Londres, "a terceira entre as mais populosas províncias da Oceania"); a Eurásia, que resultou da absorção da Europa pela Rússia e compreende toda a parte setentrional dos continentes europeu e asiático, segue a doutrina do Neobolchevismo; Lestásia, adoradora da Morte, o menor dos três, tem pouco definida suas fronteiras ocidentais e compreende a China e os países ao sul da China, as ilhas do Japão e uma grande e variável parte da Manchúria, da Mongólia e do Tibet.        Os três superestados vivem em guerra perman

Os Paradoxos das Teias do Século

Um bem-te-vi testemunha ocular, entendo o seu desespero, o seu clamar, ouço por inteiro. Assustado com o desmatar, sai pela cidade a voar.             É preciso não confundir ecologia com jardinagem. A ecologia é uma ramificação da biologia, que estuda as interações entre os seres vivos e o seu meio ambiente. Nos anos 70, quando se falava de ecologia, a resposta das pessoas, que se amontoavam em bandos à direita e à esquerda, era sempre uma profissão de fé na própria mediocridade: “Com tanta gente passando fome, esse cara vem falar em natureza”. Como se a vida do cretino não dependesse exatamente do equilíbrio ecológico. Os trabalhadores tem a CUT, a CGT. A onça pintada, os rios e o mar, não têm sindicato. Elabore, você, junto aos colegas de bairro, do serviço, do clube, abaixo-assinados reivindicando ao secretário do meio ambiente, aos vereadores e deputados estadual e federal, enfim, às autoridades públicas, a preservação

O Novo Grande Irmão

1984 George Orwell Romance - Século 20 Literatura Inglesa Tradução de Wilson Velloso 278 páginas 17ª Edição Companhia Editora Nacional 1984 "Se você quiser um quadro do futuro, imagine uma bota esmagando um rosto humano para sempre". (O´Brien em 1984)             A história de 1984, de George Orwell, passa-se na Inglaterra (agora conhecida como Pista número 1, um nome neutro e que não evoca lembranças) e é a rebelião de um homem (outro título cogitado para o livro foi O Último Homem na Europa), Winston Smith, funcionário do Ministério da Verdade, a partir do momento que começa a duvidar da manipulação da história. Ou seja, assim que começa a ter uma crimideia, a palavra do novo vocabulário (novilíngua) inventado pelo partido como meio de impedir heresias.             O problema é que a mensagem de Orwell não foi corretamente entendida por todos, ou foi usada de má-fé para atacar o que ele não queria.

Gatos

Para meus netos Vitória e Bryan No mesmo balaio um gato emite o chiado, outro pula elétrico como raio. Rubens Shirassu Júnior

O Saber com Sabor

Safo e Alceu de Lawrence Alma-Tadema O sabor de pensar é um ato individual, do expresso gozar, sopro de nascer e morrer. Tira-tema que queima este lema fatal. Rubens Shirassu Júnior             O texto deve ser um objeto de deleite, para ser digerido. Dentro deste raciocínio, entram os poetas com suas mentes abertas em relação aos textos, levando-nos para longe do preconceito da erudição e das regras acadêmicas. Como definiu Roland Barthes sobre o sentido de ficar sábio: “Nada de poder, um pouquinho de saber; e o máximo possível de sabor...” Com essa reflexão o pensador francês não pretende instituir um saber, mas um certo jeito de viver o saber. Saber e sabor, as duas palavras significam a mesma coisa. Sua origem latina: sapare quer dizer tanto saber quanto ter sabor. Se a língua é viva e dinâmica, pois quando deixa de ser usada para ser compreendida, torna-se reduto de eruditos, ela morre, sem salvação.             Com a máxima