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Mostrando postagens de janeiro, 2014

Os Novos Xamãs da Sociedade

De onde surgiram as teorias imaginadas sobre os poetas e quantas são verdadeiras?             De algum modo os poetas sempre foram vítimas de um certo preconceito. Platão, por exemplo, expulsa os poetas de sua República ; e mesmo antes dele, o poeta já era uma figura bastante criticada. Mas, a fonte dessa imagem, por certo, é o Romantismo, com aquela imagem do poeta como um ser atormentado, sofredor, pronto para morrer por suas paixões. O poeta teria uma vida interior tão intensa que mal se aperceberia do mundo à sua volta. E aí, surge essa ideia como aquele que vive além da realidade, em outro mundo, etc. Na vida real, porém, é bem diferente.      Ainda hoje, as pessoas romantizam os poetas, no sentido mais pobre da ideia romântica. Pensa-se que o ele é um tipo de alienado, quando está, na verdade, mais atento à vida que as demais pessoas. Ezra Pound diz que “os artistas são as antenas da raça” , ou seja, da espécie humana. Sendo artistas,

A Bagagem de Adélia Prado

Elogiada por Drummond em crônica no JB Em Bagagem , vemos a tentativa de recuperar antigos vínculos sociais, apagados com o advento da modernização, e restabelecer antigas formas de se relacionar com a cidade e a natureza. Há certo desejo de consertar e apagar as contradições e tensões da sociedade. Neste primeiro livro da poeta mineira, há um desejo de construir uma sociedade nova, movida pelas relações humanas, na qual a igualdade - diante de Deus, diante do mundo – é incontestável. A matéria regional, a vida na província, é repensada e transformada em saída libertadora – mesmo que cheia de contradições – para uma sociedade comandada pelo progresso “tecno-ilógico”. Daí a importância de repensar o tempo – e o progresso e questioná-lo. Por isso, o romantismo de Adélia tem como lugar poético uma província idealizada. No entanto, este mundo está prestes a ruir e só encontra sustentação no grande desejo do eu-lírico de mantê-lo ainda vivo. Sua poética ce

A Arte e o Ato de Escrever

Thomas Mann “Para que um produto espiritual consiga exercer, imediatamente, um efeito profundo, é preciso existir uma afinidade, uma concordância, mesmo, entre o destino pessoal de seu autor e o geral da geração convivente. Os homens não sabem porque dão fama a uma obra de arte. Longe da perícia, acreditam encontrar cem méritos nela, para justificar tanto interesse, mas a verdadeira razão de seus aplausos é algo imponderável, é simpatia.” ( Página 96 ) “Estou entre dois mundos; não me sinto à vontade em nenhum dos dois e por isso tenho um pouco de dificuldade. Vocês, artistas, me chamam de burguês, e os burgueses sentem-se tentados a prender-me…não sei qual dos dois me magoa mais.” ( Página 84) ( Tônio Kroeger - A Morte em Veneza, de Thomas Mann, 176 Páginas, Tradução de Maria Deling, São Paulo, Abril Cultural, 1979. )