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Mostrando postagens de novembro, 2013

As Metáforas Perfeitas

Pintura de Francis Bacon Os modelos de colunas de orientação sexual e namoro são comportados e se colocam como jogos de livres escolhas             Acredito na pasteurização do namoro e do prazer sexual transformado em produto de consumo, muito bem manipulado pelo marketing. Isso é sem dúvida um subproduto da revolução sexual dos anos 60. Ainda que ninguém mais leve a sério as ideias de Wilhelm Reich (ele acreditava, por exemplo, que a liberação sexual traria o socialismo), algo daquele discurso forjado na esteira do feminismo, da pílula anticoncepcional e na crença de que o homem é senhor do próprio destino permaneceu, apesar da Aids e de algumas ofensivas conservadoras.         Ao mesmo tempo, vivemos a fase dos sexólogos respondendo perguntas dos telespectadores em transmissão pela televisão, em revistas e jornais. Em jogo a orientação sexual do jovem com o respaldo da ciência, assegurando o crédito dos programas e colunas. R

Nas Malhas da Rede

Ela traz confortos antes inimagináveis e certamente implica perdas Nos anos 70, a gente se deliciava com a tecnologia dos Jetsons, desenho animado, de Hanna Barbera, sobre os costumes de uma família burguesa no futuro, era um ingênuo sonho futurista, penso hoje. Mas a alma dos Jetsons não mudava mesmo com toda a tecnologia. Nos anos 2000, navegar na internet tornou-se uma contradição entre manter comunicação simultânea com milhares de pessoas em várias partes do planeta e estar só? Cheguei à conclusão de que a ampliação do uso da internet produz isolamento. O internauta dedica menos tempo a seus familiares, a seus amigos, isto é àquelas relações sociais de pessoa para pessoa. Para melhor avaliar a conclusão, preciso retirar boa dose de ingenuidade que esse tipo de reflexão engendra. É perfeitamente razoável deduzir que há mais tempo despendido com uma certa atividade (tipo a elaboração de um projeto gráfico) corresponda menos dedica

Nota de Ganhador do Prêmio Jabuti

Blog promove ebooks coletivos e divulga livros de escritores e poetas brasileiros e estrangeiros                          Rubens Shirassu Júnior, 52 anos, revisor de textos, editor de livros, escritor de Presidente Prudente, teve uma nota publicada no Blog do Menalton, de Menalton Braff, a respeito do seu livro de poemas Cobra de Vidro , no item “Livros Recebidos na Semana” junto com Tempestades , de Leonardo Chioda, em 24 de novembro último.             O blog deste renomado escritor de Taquara, no Rio Grande do Sul, promove ebooks coletivos, divulga livros de escritores e poetas brasileiros e estrangeiros, além de possuir 266 membros. Contista, romancista, novelista, professor de língua portuguesa e literatura, ganhou o prêmio Jabuti de Literatura em 2000, na categoria “Livro do Ano – Ficção”, com os contos À Sombra do Cipreste. Hoje, aposentado, Braff viaja por conta de diversos projetos culturais, proferindo palestras, participando de mesas

Íntima Relação com o Sol

Capa da edição inglesa de "Sol e Aço"             “A sociedade nipônica moderna é materialista, rica e só quer curtir a vida. Mas tudo isso seria artificial, um alimento enlatado. Cheguei à conclusão que devemos procurar algo genuíno e puro, algo cru: Eu quero tocar o fogo, mas não há fogo em nossa sociedade atual. Eu quero ser Prometeu. É claro que nós já temos o fogo – o fogo civilizado do gás; mas eu quero o fogo real. Portanto, comecei a fazer exercícios corporais, a praticar o kendô e o caratê. Eu gritei, e quando grito sinto um pouco de fogo e do material cru da vida. Foi uma nova experiência para mim e algo muito difícil de se encontrar na vida moderna”. “Rio da Ação”, item da resenha de Darci Kusano sobre  o Japão e o homem em todos os lugares de Yukio Mishima (1925 - 1970). Autora de Os Teatros Bunraku e Kabuki – Uma Visada Barroca (Coleção Estudos da Editora Perspectiva, 1993) Darci Kusano é livre-docente pela Univers

A Política e os Beats

Beatniks na livraria City Lights em San Francisco “Para julgar politicamente os Beats e outros movimentos é, portanto, preciso julgar o seu verdadeiro espírito. Vale lembrar a ideia dos orfistas de que as religiões e as políticas oficiais reprimiam o apelo dos estímulos sensoriais, impondo uma cultura opaca, cinzenta e lógica”             Um dos equívocos mais frequentes no julgamento de ordem política que se faz ao movimento Beat que se espalhou pelo mundo, é o de cingi-lo à acusação clássica de “subjetivismo” e “solução puramente pessoal”. As formulações aproximam a Geração Beat com existencialismo de mais de três décadas atrás e a geração Hippie, Yuppie e similares à boêmia artística europeia do pós-guerra. O argumento racionalista identifica de maneira totalitária todas as ramificações do irracionalismo e subestima a sua capacidade de também transformar-se ao sabor da história.             Isso não acontece de estalo, de uma hora

Em Fan Page de Universidade

            Rubens Shirassu Júnior, 52 anos, revisor de textos, editor de livros, escritor, cronista, poeta e resenhista, de Presidente Prudente, foi divulgado na fan page da Unicesumar, uma tradicional e respeitada universidade particular, de Maringá, Paraná, pelo seu exemplo de dedicação, no item “ É Aluno Unicesumar! ”, dentro do Facebook, um site e serviço de rede social na internet.       O texto elaborado pela jornalista Danieli Crevelaro, da assessoria de imprensa da institutição, mostra um breve histórico do escritor prudentino, desde as obras que editou, prêmios conquistados, seus projetos aprovados, a exemplo do seu primeiro livro de poemas que se chama “ Cobra de Vidro ”, pelo ProAc (Programa de Ação Cultural), em 2011, uma promoção da Secretaria da Cultura e Governo do Estado de São Paulo. Além disso, sempre divulgou a literatura de qualidade, valorizando a educação e a luta pela consciência de preservação da memória, seja tanto da cidade como do B

O Amor de Caetano e Maiakovski

Personagem Canceriano de Ariel Guttman e Kenneth Johnson Talvez quem sabe um dia por uma alameda do zoológico ela também chegará ela que também amava os animais Entrará sorridente Assim como está na foto sobre a mesa Ela é tão bonita Ela é tão bonita Que na certa eles a ressuscitarão o século trinta vencerá o coração destroçado já pelas mesquinharias Agora vamos alcançar Tudo o que não Podemos amar na vida Com o estrelar Das noites inumeráveis Ressuscita-me ainda Que mais não seja Porque sou poeta e ansiava o futuro Ressuscita-me lutando contra as misérias do cotidiano Ressuscita-me por isso Ressuscita-me quero acabar de viver o que me cabe minha vida Para que não mais existam amores servis Ressuscita-me para que ninguém mais tenha de sacrificar-se Por uma casa Um buraco Ressuscita-me Para que a partir de hoje A partir de hoje A família

Cartografia do Sonho Prudentino

Ilustração de Rubens Shirassu Júnior Te vejo no melindre da língua da história que se bifurca neste vale sem tréguas, erma nas léguas dos migrantes lavradores iludidos pelo canto das sereias de néon da cidade: queriam vencer na vida, como fazendeiros do ar. A língua aqui valia a palavra dada Sem papel escrito Nem assinatura lavrada. Levou o povo que sonha o vale verde à vala comum. Os frutos colhidos ao tempo Os homens caiados no tempo Os sonhos caídos do tempo O pesadelo diante de poucos tostões, os horizontes ceifados pelas hélices selvagens da máquina do progresso, colhendo milhões de fardos, de café, algodão, amendoim empacotado de São João Fest, fabricado em série, fora do alcance daquelas mãos, para o alto vagam onde os vagões da vida descarrilham. Te vejo, homem da roça, suplicar uma providência do divino, quem lembra? Prevalece, prefalece vale onde me fundo: alma e lama do

Surto de Livros

A partir da década de 90, houve no Brasil um surto de títulos,  desde poesia, passando pela crônica até  relatos históricos e memorialistas. Resta saber se esse crescimento implica  em qualidade literária.             Dos diversos enfoques que se pode dar à questão da literatura de Presidente Prudente, um dos mais esclarecedores sobre a representatividade do chamado surto do livro em nossos dias é aquele visto como fenômeno social e manifestação cultural de um povo que, no início do século 20, tinha 80% de analfabetos.    O significado do espaço teórico recebido nas discussões sobre literatura  há que buscá-lo na perspectiva histórica revelada no lento processo do Brasil e de Presidente Prudente, para evoluir da condição de um atraso cultural acachapante para a formação e conquista gradativa de um público leitor. Uma abordagem do fenômeno, descuidando dessa dimensão cultural, e que desconheça suas peculiaridades enquanto fat