Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de maio, 2013

Oração ao Grande Colar do Cosmo

Eu agradeço à mãe Terra, que gira sem tempo – e a seu solo: rico, poroso e maternal Pelicano, serena e plena em nossa comunhão de pensamento sempre fluindo. Eu agradeço às Plantas, à folha projetada para o sol, que se transmuta com a Luz raios flecham os bambuzais como imponentes lanceiros  que emitem os assovios do vento forte sua energia, seu temperamento oscilante a força da sua tempestade em ebulição, transforma em chuva, a sua dança está no Grão Elemento espiral que brota em nossas mentes serenas e plenas em nossa comunhão de pensamento sempre fluindo. Eu agradeço ao Ar, que sustenta todos os pássaros, seja andorinha, gaivota, canário, abutre, rouxinol e a silenciosa coruja da reflexão da noite ao amanhecer. Sopro desta canção livre que é o puro espírito da brisa,  que ameniza e traduz o verão, serenas e plenas em nossa comunhão de pensamento sempre fluindo. Eu agradeço aos Seres Selvagens de no

Beleza na Matéria que Morre

Dá-se em Negros Galhos que Abrem sob a Chuva , do livro Cobra de Vidro , o efeito cinematográfico obtido nos detalhes da cena como uma viagem ao subconsciente, pela procissão do espírito, emaranhado na rotação do insólito, do maravilhoso ou das propriedades mágicas de investigação dos galhos como símbolo. No entanto, a sensibilidade para a poesia das coisas efêmeras e, de ver a beleza nas matérias podres, parece ter-se aguçado no trato profundo com o próprio meio moderno que escolhi para se exprimir, como se o jornal e a Internet tivessem afinado o senso do instantâneo e do perecível. Num mundo como o nosso, já bastante estandardizado, de relações alienadas, onde tudo pode virar mercadoria e em si nada valer, coloco a minha poesia, em meio ao mais dissolúvel, não apenas nos dá a impressão súbita do momento de beleza fugitiva, mas a dignidade e a poesia do perecível, quando tocado por um dedo humano. O poema assemelha-se a um transe, tamanha a força de espi

Nas Malhas da Rede

Ela traz confortos antes inimagináveis e certamente implica perdas Nos anos 70, a gente se deliciava com a tecnologia dos Jetsons, desenho animado, de Hanna Barbera, sobre os costumes de uma família burguesa no futuro, era um ingênuo sonho futurista, penso hoje. Mas a alma dos Jetsons não mudava mesmo com toda a tecnologia. Nos anos 2000, navegar na internet tornou-se uma contradição entre manter comunicação simultânea com milhares de pessoas em várias partes do planeta e estar só? Cheguei à conclusão de que a ampliação do uso da internet produz isolamento. O internauta dedica menos tempo a seus familiares, a seus amigos, isto é àquelas relações sociais de pessoa para pessoa. Para melhor avaliar a conclusão, preciso retirar boa dose de ingenuidade que esse tipo de reflexão engendra. É perfeitamente razoável deduzir que há mais tempo despendido com uma certa atividade (tipo a elaboração de um projeto gráfico) corresponda menos dedicação ao conjunto da

A Obrigação da Educação Infantil

Cena do filme "The Wall", de Alan Parker Por falta de cultura e consciência dos direitos e deveres, 99% da população não exercem sua cidadania cobrando e participando em debates com a Secretaria de Educação, ou encaminhando abaixo-assinados a vereadores, deputados estaduais e federais o que, naturalmente, a obrigatoriedade a partir dos 4 anos das crianças na Educação Infantil vigorará, prevalecendo os interesses políticos e eleitoreiros dos Governos estadual e federal. Isto é muito bem argumentado pelo antropólogo Darcy Ribeiro em sua obra “Viva o Povo Brasileiro”, pelos historiadores Sérgio Buarque de Holanda em seu “Raízes do Brasil.”, e Caio Prado Júnior com seu “Formação do Brasil Contemporâneo”, além do sociólogo Gilberto Freyre em “Casa Grande e Senzala”, consideradas obras capitais para a compreensão da verdade brasileira e de seus desarranjos, que até hoje nos atingem. O historiador Sérgio Buarque de Holanda propôs a existência

Globalização e a Reforma da Educação

“...com a exploração do mercado mundial, a burguesia estruturou a produção e o consumo de forma cosmopolita (...) A antiga indústria nacional será destruída constantemente (...) No lugar do antigo isolamento e da autossuficiência local e nacional passam a vigorar as relações múltiplas e a múltipla dependência de nações entre si, tanto no que se refere  à produção material como espiritual.” (Manifesto Comunista, de Karl Marx e Friedrich Engels, 1979,  páginas 29 e 30) Aos pedagogos batalhadores do Brasil De 80 para cá todos os Governos seguem uma cartilha política do tipo “fachada”, divulgando estatísticas que mostram a diminuição do analfabetismo e o aumento do ingresso da população ao ensino superior, porém, na prática, demonstra o tal “faz-de-conta” usando um marketing político, onde vende a imagem que somos um País democrático e, gradativamente, ocorre uma diminuição da miséria, além da desigualdade social. Com

Cada um na sua Tribo

Engana-se quem acha que o homem maduro fica velho de repente, assim da noite para o dia. Não. Antes, há um estágio para a idade do lobo. E, se você está no clube dos quarentões, já notou como ele é parecido com a adolescência? Coloque os óculos e veja como este nosso estágio é maravilhoso: - Você está com 47. Lembra quando você era jovem, 47 era um velhinho, não era? - Avô, avô... - Então. E as mulheres de 47? - Bisavós, bisavós... - Não exagera. Avós, também. Aliás, mulher de 40 já estava coroa. Toda de saia no joelho e, se ficasse solteirona era rotulada de “titia”. Iam à igreja. A mãe da gente tinha 40, né?  Era uma santa, né? Imagina se fazia os que as de 40 fazem hoje... - Onde é que você quer chegar? - É que a nossa geração mudou tudo. Mudou até a velhice. A gente é de uma turma que rompeu com tudo. Esse negócio de censura, circuito universitário, pílula, cultura alternativa, isso fez mudar tudo. - Prossiga. - Você está é justific

Água na Peneira

"A poesia está guardada nas palavras — é tudo que eu sei. Meu fado é de não saber quase tudo. Sobre o nada eu tenho profundidades. Não tenho conexões com a realidade. Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro. Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas). Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil. Fiquei emocionado e chorei. Sou fraco para elogios." Manoel de Barros

A Nova Literatura Portuguesa no auditório da ANE

Sérgio Almeida lançará o livro "Não Conto" A ANE (Associação Nacional de Escritores), a Thesaurus Editora, de Brasília, e a Interline Turismo promovem amanhã, quinta-feira, 16 de maio, a I Quinta Literária Internacional ANE . No evento destaca-se a palestra “A Nova Literatura Portuguesa”, proferida por Sérgio Almeida, escritor e jornalista português, às 20 horas, no auditório Cyro dos Anjos, da ANE, SEPS EQS 707/907 Bloco F, Edifício Escritor Almeida Fischer (ao lado do Instituto Cervantes) em Brasília. Perfil Sérgio Almeida nasceu em Angola (Luanda) em 1975. Vive em Portugal, nos arredores do Porto, desde os 4 anos. Licenciado em Comunicação Social,  exerce o jornalismo desde os 18 anos. Sempre ligado à imprensa escrita, tem acumulado também experiências noutros meios, como rádio e televisão. Paralelamente, à sua atividade profissional, atua como promotor cultural, organizando colóquios e simpósios sobre arte e literatura. Publ

CLIPP procura formar a Face Literária

Capa da edição do VI CLIPP de 2012 Em 2012, alcançou a marca de 1.015 inscrições e, em torno de dez países Criado em 2007 para divulgar os novos autores de Presidente Prudente e da região sudoeste do Estado de São Paulo, o Clipp (Concurso Literário de Presidente Prudente) mostrou que não iria permanecer tão quieto e tímido. Após cinco publicações consecutivas, na sexta edição, superou as expectativas dos organizadores, júri e da equipe da Secretaria da Cultura de Presidente Prudente, em vista do alto volume de textos advindos desde o interior paulista, passando pelas regiões norte, sul, leste, oeste e centro-oeste, alcançando a marca de 319 participantes, num total de 1.015 textos inscritos provenientes de vários Estados do País e, em torno de dez países do mundo. O que dificultou a escolha dos selecionadores que, infelizmente, tiveram que optar pelo corte de muito material de alta qualidade, em razão das normas quanto ao número esta

Estudo da Rosa Branca 10

A rosa branca despetala-se ao escancarar das cortinas dos estáticos viveiros, canteiros devastados que não consegue mais cobrir, a ferrugem fria do vento seco de outono, o choro frágil das crianças sem berço, que ouve com ouvido fino o seu pranto ao peito inchado de uma geração, a náusea, trilhões de rosas de face branca brotam no sujo azinhavre das grades, trevas do medo e da culpa.

Conversa ao Pé-do-Ouvido

Você não quer assumir a condição de autor, mas no fundo de sua alma sabe como é duro suportar o vazio da alma. Você tem a leve noção do que é admitir a verdade. Por isso, fique de orelha em pé! Vem cá, chegue mais perto, bem mais próximo para uma conversa ao pé-do-ouvido, mas não confunda com pé-de-orelha, por favor. Só quem não tem dinheiro ouve o que não deve. E qualquer famoso não se atreve a abrir as ventarolas em rua apertada de duas mãos. É fácil reconhecer uma orelha mal cuidada: você olha de trivela para o umbigo, fica frustrado e mete a bicuda nas abas. Grita alto, bem estridente e bate com toda a força na ponta da orelha. Na maioria das vezes, você aproveita a pouca iluminação e falta de guardas nas ruas ou avenidas. Você escreve o nome da paixão, do moto taxista amigo seu, porque não tem grana para fazer uma propaganda com visual mais agradável e argumento mais convincente. Em partes, pela alta embriaguez, dá chutes no ar, pelo volume de linha

Eu Etiqueta

Em minha calça está grudado um nome Que não é meu de batismo ou de cartório Um nome... estranho. Meu blusão traz lembrete de bebida Que jamais pus na boca, nessa vida, Em minha camiseta, a marca de cigarro Que não fumo, até hoje não fumei. Minhas meias falam de produtos Que nunca experimentei Mas são comunicados a meus pés. Meu tênis é proclama colorido De alguma coisa não provada Por este provador de longa idade. Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro, Minha gravata e cinto e escova e pente, Meu copo, minha xícara, Minha toalha de banho e sabonete, Meu isso, meu aquilo. Desde a cabeça ao bico dos sapatos, São mensagens, Letras falantes, Gritos visuais, Ordens de uso, abuso, reincidências. Costume, hábito, permência, Indispensabilidade, E fazem de mim homem-anúncio itinerante, Escravo da matéria anunciada. Estou, estou na moda. É duro andar na moda, ainda que a moda Seja negar minha identidade, Trocá-la