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Mostrando postagens de abril, 2013

O Capital Selvagem e a Vida Enlatada

Cena da animação Wall-E da Pixar Disney “O Estado é um dos piores monstros” Nietzsche Se o Governo Federal desenvolve uma campanha para a inclusão digital, ocorre na ação um paradoxo: grande faixa da população constitui-se de pessoas de menor condição financeira, que vive na carne e assiste à desigualdade social. Vou cair num típico jargão tradicional usado nas plataformas dos partidos do Brasil: O povo brasileiro necessita de ensino de melhor qualidade, profissionalização, maiores opções de emprego, junto a salário, enfim, uma vida mais digna. Penso ser o mínimo básico para se viver e também o exercício justo de cidadania. Tal promoção do Governo e do Estado reflete que, no fundo, não existe interesse no equilíbrio social, econômico e nas relações entre as classes, valorizando e respeitando o(a) cidadã(o) com os conceitos humanos de igualdade e fraternidade, autorrealizando todas as leis dos códigos e, principalmente, da nossa Const

Pneuzinhos em Alta

Ilustração de R.S.Jr. Devo confessar que, quando chegou o primeiro e-mail sugerindo que diminuísse o tamanho do meu “pneuzinho com amortecedor”, digo, da minha barriguinha (sim, ventre apenas os médicos usam e - parece - têm), fiquei meio preocupado. Era em português claro e objetivo que eu deixasse uma barriga escultural. Eu sempre me preocupei com o tamanho dela. Mas imaginei que descobriram que eu havia passado dos 40 anos e, ao contrário do cabelo com mechas brancas que fica ralo com a idade, o coitadinho estava nítido pela circunferência que lembra a atrevida barriguinha de chopp. Claro que comentei com os amigos. Mesmo caminhando 4 vezes por semana. Mas depois começaram a chegar outros e-mails. Um deles falava em reduzir em até 30 dias. Naquele dia, ao entrar no banho, ainda dei uma olhada para baixo e imaginei a coisa com menos 25 quilos. Não me pergunte a que conclusão cheguei. Muito bem, de uns tempos para cá o convite e a oferta vêm aumentan

Estudo da Rosa Branca IX

De tanto olhar para longe meus pés vão pisando no gelo do iceberg, a imagem da minha vida: tão sozinho, tão tocado pela tua pele veludosa de seda. Os meus passos são sombras para o lado obscuro da lua. Vou andando, vou fugindo. Minha alma é a sombra da Antártida, seja nos pólos Norte e Sul, subo e desço o monte. Tenho as fases da lua no meu calendário secreto, astrologia que inventei para meu uso.

Trabalho e Castigo pelo Ócio

Pelo pensamento de Karl Marx conclui-se que o dever de trabalhar gera uma grande neurose e, automaticamente, ao refletirmos sobre a inversão do conceito tradicional de labor, o ócio é um nobre direito – que o pensador diretamente nega e renega o trabalho humano na sociedade capitalista pregando, indiretamente, a urgente implantação e mudança de uma sociedade socialista, que valoriza o prazer da vida despojada, conforme citamos acima a intitulada sociedade do ócio criativo. Seria um novo sistema socialista, onde predomine principalmente uma reformulação do conceito e da mecânica do trabalho. Partindo da opinião de que as organizações produtivas fabricam infelizes, porque obrigam os seres humanos a ser eficientes e competitivos, percebe-se que Marx mostra que as empresas e indústrias são máquinas de tortura cerebral, nas quais a minoria faz trabalhos criativos e, a maioria, fica com castigos penosos, nocivos e repetitivos. Nota-se também nos textos que Karl Marx

O Pum da Criação

Acredito que um publicitário deve atentar na colocação e o efeito do poder das palavras no público em geral. O uso incorreto de um termo pode gerar reações psicológicas contrárias. Por isso, a criação do P.U.M. – Parque de Uso Múltiplo – que lembra o “Pum”, termo chulo, gíria vulgar de “flatulento”, é de extremo mau gosto e de tom escatológico. Para o dicionário Aurélio, a palavra “Pum” designa estrondo ou detonação, peido, (ventosidade emitida pelo ânus) traque, expressa-se desagradável, adquirindo um significado torpe, obsceno e pejorativo. Cheira imprudência, mau-cheiro ou fedido. Deprecia aquele espaço público de lazer e seus frequentadores, os moradores de Presidente Prudente, além dos turistas, principalmente, o prefeito e o secretário de obras da época da inauguração. De outro lado, estimula a ironia, o sarcasmo e o deboche da turma “dos contra” no progresso da cidade ou sua oposição. Assim como os inimigos políticos, os adolescentes adoram uma pi

Alívio Refrescante

Não vou entrar aqui no mérito da educação sobre a atitude do flatulento, aquele que solta um “pum” comprimido para fora, mesmo! Disse o “pum”, que não é o mesmo Parque de Uso Múltiplo de Presidente Prudente (outro PUM de criação), mas, o conhecido “insustentável peido do ser”. Um nome de conotação escatológica explícita, e com sonoridade grotesca e pejorativa. De extremo mau gosto e respeito por ser uma área pública, que envolve a imagem da cidade. O seu criador deve estar escondido até hoje em pleno anonimato. Enquanto os outros fazem mal juízo. Mas, isto é assunto que merece uma crônica sobre o tema e seu efeito. Durante as últimas décadas você reparou o que tem de remédio que diz aliviar o excesso de gases no estômago e intestino. Foi quando olharam para o próprio resultado do engenho biológico e viram a quantidade de produtos, do tipo salgadinhos, petiscos e refrigerantes, os causadores dos tais gases, que investiram todas as armas na divulgação dos ame

Estudo da Rosa Branca VIII

Foto de Miguel Claro Permita-me que eu volte o rosto para as cestinhas forradas de seda que não pagamos por essas rosas brancas, delicadas da ilusão. E ligo todos esses móbiles, da Estrela Polar da constelação Ursa Maior até a mandala da via-láctea, como brumas, se esvaem por entre sorrisos, choro, lágrimas e recordações. Durável – apenas o céu maior desse mundo: apreendo esse doce sonho das estrelas no seu curso.

Estudo da Rosa Branca VII

Vai enrolado na roupa branca pela rua cinzenta, jardineiro fiel do medo, uma flor de esperança mínima nasce para o homem sem face. Como traduzir o momento e a fragrância da rosa, cumprindo sua verdade, pura clareza da transparência do efêmero: cai a flor – e deixa o perfume ao vento. Apesar do mundo parecer com o outono/ voa pelo jardim a melhor parte, uma gota do canteiro de mim. Se mostra menos que o vento. Meus olhos velam tuas pétalas no chão. Serão sempre as sementes do renovar-se. Serão sempre para verem mais. Para semear nas alturas da noite, sempre longe e dentro das coisas, o conteúdo da teodisseia da paz e liberdade.

Estudo da Rosa Branca VI

Em volta da roda do umbigo circula contínua garça da graça, uma rosa que levamos no coração, comovida, murcha incomunicável sob muros de sombras. Ela é cinza das areias do deserto imenso, pode ser noite, pode ser pelo ar e pela água anda: rente ao chão verde macio e flores apenas que voam da voz do vento. Como sonho de um pássaro, movem-se apenas pétalas veludosas, uma borbulha de flor de nata que vemos desabrochar a lua que envolve os noivos de branco abraçados, quentes, cheios de nascimento e pétalas que se cumprem sem perguntas – qualquer coisa serena, isenta e fiel.

Estudo da Rosa Branca V

Mas para que serve a rosa? Se a contemplo inerte. Se a toco no mágico fulgor das pétalas. De que serve a rosa se desnaturada a possuo? Ela é plano de voo e eis as hélices brancas móveis asas de cisne, aeroplana infinita e eis a leveza e a graça da forma, verbo fixada, lúdica. O que era a pétala da rosa branca transformou o objeto: jogo do cisne de uma inocente pureza que a contempla e revive - criança que tateia os pássaros em flor, uma música aérea e branda, das plumas brancas que repousam as pétalas nas íris silentes dos olhos de cisne.

Estudo da Rosa Branca IV

O Nascimento de Vênus de Sandro Botticelli Das espumas do mar, Afrodite na forma de uma rosa branca ornamenta o escudo de Aquiles e os capacetes de Heitor e Enéas, emblema da perfeição, segredo guardado que fecha sobre seu coração. Pode ser tanto a Lua, um sol de (vida), mas quando abre a sua corola anuncia a hora da morte, Rosália, crística flor de Lótus, torna-se rosa consagrada nos túmulos de maio. Rosa branca, deleite sensual cultuado para Isis, pétalas sublimes do instinto carnal, a natureza integral do Homem toda aberta como Santo Graal.