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Mostrando postagens de agosto, 2011

Grafite para Murilo Mendes

Meu querido mestre Murilo Mendes Minhas palavras esculpem o teu corpo no azul do afresco do céu alado do teu deus, cavaleiro das fontes, poça sem fundo./ Olho por muito tempo o corpo de um poema Até perder de vista as janelas dos teus olhos de caos/ e sinto separado entre os dentes da memória,/ um filete de primavera de sangue nas gengivas, das bocas, nos becos de Minas, Lavadeiras sobem ladeiras Lavadeiras descem ladeiras carregam candeias nas mãos, Dormem na penumbra esperando anjos vingadores./          Dormem no outro tempo, dos mortos       da sobrecasa/ Dormem no talco preto da terra prisioneira, das almas que vagam. Os demônios de Juiz de Fora estão soltos no discurso de difamação do poeta Chove paranoia contra o elogia à loucura, à poesia da casa do canário, que guardamos aprisionada na garganta para a hora exata de alimentar fantasmas. No cotidiano vazio e ruminante blues, ecos do murro no vitral da catedral modelo para armar. Saudemos o poeta pintor cósmico que calça

Dois Hai-Kais

Mormaço na floresta casca estalando cigarras cantando. Pequeno ninho compartilho arroz terno azul marinho. Terada-cho, Osaka-fu,1996 (do livro Cobra de Vidro)

Dois bons programas

Saraus literário e de artes integradas divulgam novos autores objetivando valorizar a memória da prosa e poesia de qualidade O Centro de Estudos em Leitura e Literatura Infantil e Juvenil Maria Betty Coelho Silva (CELLIJ), estará promovendo hoje, às 20 horas, o Sarau Literário "Banquete dos loucos: o grande cerimonial das loucuras humanas" com apresentação de músicas, textos literários e de outros gêneros, que tratam da loucura em suas diversas manifestações. O espetáculo acontecerá na sala do Centro de Estudos (CELLIJ), atrás do discente VI, da Universidade do Estado de São Paulo (Unesp), câmpus de Presidente Prudente, à Rua Roberto Simonsen. Participam desta edição: Valéria Santos, Bruna Belloti, Marcela Alves, Fred Mello e Marcelo Zorzeto e, os organizadores do sarau literário pedem que as inscrições para o palco aberto sejam feitas no local, no mínimo, 30 minutos antes da apresentação. Para mais informações, disque: FONE: ( *** 18) 3229-5836 Sarau Solidário “Ca

Fio tenso entre o vazio e o pleno

“Involuir até a forma primeira. / Procurar a pura essência. / Achar o substantivo/ no emaranhado de detalhes.” [ Intenção, Edna Rezende ] O Brasil, ao contrário do que muitos imaginam, tem produzido pouquíssimos poetas líricos. Talvez, o último lírico puro que tivemos foi ainda Casimiro de Abreu. No correr dos séculos, poetas que podiam ter sido excelentes líricos deixaram-se iludir pelo som cavernoso da tuba épica, escrevendo longos poemas que só nos enchem de tédio. Outros enveredaram pela poesia dramática, pela poesia patriótica, pelos hinos e pelas odes (“Nobre animal, o poeta”), sem que muita coisa restasse de tanto esforço bem intencionado. Mesmo as elegias, que já foram moda, só resistem quando um pouco mais que o talento as legitima. Apesar da poesia lírica ser a que apresenta maior resistência à passagem do tempo, apurando-se e quintessenciando-se com esta (em mais de um sentido, a grande lírica do Ocidente foi produzida pelos trovadores medievais), os tratados de e

Cantiga para mim e Nietzsche

Retrato de Nietzsche, de 1906, por Munch  O hóspede incômodo arromba e devora o interior da casa na ordem do dia Como um vento, arrasta retalhando a vida no verão dos dentes enfurecidos Maquinaria, animália face encarnada na transitória passagem da noite, impressa com sangue, dor, solidão e desemprego O poeta anda errante pela Avenida das Esfinges correndo da máquina devastadora II O poeta vive para morrer. O poeta anda na contramão Vomitando com a órbita vazia sete estrelas claras nesse charco de líquidos corpos empoçados (Bukowski verde bílis néon) Há desgosto e música na atmosfera de engrenagens e igrejas. Denunciando tua agonia ao piano desarticulado Seu sapato está cheio de buracos Sua roupa debaixo são hábitos nada ortodoxos. O poeta espera quando o pêndulo do relógio sangrar. A noite como um baralho elétrico vibra o rosto sobrenatural nos telhados amarelos O tédio se despreende na alucinante língua azul da madrugada. Ele vem rolando por escadas infinitas Ninguém olha

Veneno antimonotonia

A "cegueira" nos impede de abrir as portas da percepção Há 1 ano e 12 dias, morria aos 73 anos, internado na enfermaria do Hospital das Clínicas, em São Paulo, o poeta Roberto Piva, que sofria do Mal de Parkinson, uma doença que atinge hoje cerca de 200 mil brasileiros. Nos últimos anos, Piva teve suas obras completas reunidas pela editora Globo em três volumes: Um Estrangeiro na Legião, Mala na Mão & Asas Pretas e Estranhos Sinais de Saturno . O escritor Bruno Piffardini da Rocha Brito, estudioso da obra de Piva, publicou um ensaio sobre o poeta especialmente para o Blog do Café Colombo. Piffardini, escritor e crítico literário, defendeu há três anos, uma dissertação de Mestrado sobre a poesia de Roberto Piva, pelo departamento de pós-graduação em letras da UFPE. Publicamos, logo abaixo, fragmentos da análise crítica corrosiva e reveladora do escritor: “Ainda que sofrendo atentados da ordem (política e intelectual) vigente para que se forçasse seu silêncio, send

A arte como artifício

 a palavra experimental assalta a gramática Nos anos 70, uma geração desconfiava da palavra e da ordem imposta, ou da ordem imposta pela palavra. Geração que privilegiava a comunicação não-verbal e a des/ordem que esta instaura no solo da tradição grega. Diziam que era preciso descongestionar a vista e o ouvido da palavra – parece que foi a ordem geral – mas para isso é antes preciso massacrá-los com o som. O som que rompe tímpanos desune verbalmente o grupo, mas o une comunitariamente na curtição. Seria importante começar a pensar as manifestações artísticas da nossa época não tanto em termos de leitura, mas em de curtição (novas regras de apreensão do objeto artístico). Uma substitui a outra e inaugura um novo reino de gozo, de deleite, de fruição, de prazer estético. Visto que o interesse da geração do poeta baiano Waly Salomão (1944 – 2003) é o de exigir do leitor que curta o texto, utilizando de diversos recursos para causar o que os formalistas russos chamam de “estranha

Agenda Matarazzo / Agosto de 2011

Artes Visuais De 9 a 12, na Sala de Convivência Exposição de Painéis: Marechal Rondon: A Construção do Brasil e a Causa Indígena Parceria: Fundação Banco do Brasil A exposição apresenta por meio de 16 painéis, o percurso de Rondon, contextualizando sua trajetória, desde a infância e a vida familiar até a sua atuação na coordenação da instalação das linhas telegráficas e o envolvimento nas questões indígenas. Literatura De 1 a 31, segunda a sexta, às 9h e 14h Dia D...Contação de Histórias Autor do Mês: Jonas Ribeiro Projeto para crianças que visa promover o incentivo e o gosto pela literatura através de dramatizações, teatro de fantoches e artes plásticas Agendamentos com antecedência: (18) 3226-3399/3223-7554 ramal 3326 De 1 a 31, de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 12h e das 13h às 17h, na Biblioteca Municipal Dr. Abelardo de Cerqueira César Projeto Dia D – Tira Dúvidas Segundas e quintas-feiras – Língua Portuguesa Quartas e sextas-feiras – matemática Terças – Geografia Apoio