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Mostrando postagens de abril, 2011

Gato por lebre

Utiliza-se o discurso progressista como forma de se proteger contra ele “A vanguarda brasileira é moralista. Trocou o convento pela célula política”, disse certa vez a filósofa Marilena Chauí. Mais de uma vez, eu disse coisa parecida. Mas, como só se permite fazer a crítica do discurso competente com a competência de títulos universitários e eu não os tenho, sou acusado de “fobia das esquerdas” – conforme escrevi no meu artigo “Miopia Progressiva”, publicado nos anos 90, sobre os adoradores da cartilha de partido, da ciência e do Estado. De modo que me vejo obrigado a retomar uma entediante discussão – que eu já julgava superada – para explicar que fazer críticas à esquerda não significa automaticamente ser de direita. Antes de tudo, critico as esquerdas com a maior consciência, justamente porque elas dizem destruir o poder opressor quando, em geral, o estão instituindo em novos moldes. Além disso, dedico especial atenção às esquerdas porque no interior delas e não das caquét

Por trás da censura

“Imoral, acima de tudo, é a intolerância. Trata-se de um tiro no pé, pois a sanção volta-se contra a intolerância e consagra a liberdade de expressão. Não temos lembrança de quem proibiu Joyce, Flaubert, D.H. Lawrence, Proust, entre outros casos famosos. Mas os censurados tornaram-se inesquecíveis. Os artigos “Muito Maresia, Cara!”, “Um Mundo Pré-Amoral e Bárbaro”, “O Mito e a Falsa Moral” e “Camelôs do Ego”, de minha autoria, foram proibidos em três jornais e um portal do interior do Estado. Três nos anos 90, e o quarto neste mês, portanto, como escritor estou com “a pulga atrás da orelha” sobre os meus direitos de escrever com liberdade – e todos os cidadãos brasileiros, além dos artistas em geral, têm uma ameaça concreta pesando sobre a liberdade de expressão. Nem todos, porém, sabem o que está ocorrendo. Sempre existiu tendência repressiva contra as obras de arte que espelham a realidade social. Assim, os problemas sociais são atacados na sua expressão artística e não

Dia-a-dia de Minas e do mundo

Textos de futebol e cinema, de canções e poesia O novo livro de Ronaldo Werneck que se chama Há Controvérsias 2, de 503 páginas, todo ilustrado, segue as crônicas do livro Há Controvérsias 1, lançado em 2009, pela Editora Artepaubrasil. São textos publicados desde 2003, na coluna Há Controvérsias, que o poeta e escritor mineiro assina nos jornais Cataguases e O Liberal, de Cabo Verde, e nos blogs Cronópios, Contra o Vento e Ronaldo Werneck/Há Controvérsias. No prefácio do livro Há Controvérsias 2, a poeta mineira Lina Tâmega Peixoto descreve sobre o estilo do autor: “Talvez, a habilidade de jogar com as palavras, uma provocação lúdica às formas verbais para alcançar uma linguagem delirantemente estética. Ou o emprego de leves palhas de humor e doce ironia. (...) Tudo servindo à construção das tensões do processo de interpretar as beiradas da vida e do mundo, a delicada e conflituosa experiência da criação, o talento com que Ronaldo Werneck empunha e manobra a beleza, intelectualmen

Camelôs do ego

“Num Brasil em que a imagem moderna, determinada e, acima de tudo, simulada de um reluzente democrata amealha pontos na negociação, além da intenção de voto, é razoável que gurus modelo bem flexível tenham que disputar clientes como mestre da adequação às normas do stablishment.” No Brasil, o “boom” dos livros de autoajuda e da indústria do misticismo e apocalipse é um fenômeno que ocorre paralelamente ao crescimento das seitas religiosas – cristãs e não-cristãs. Num caso e no outro, as pessoas buscam a cura, o consolo, o aconselhamento espiritual fora da ortodoxia. Isto é, através de práticas mais flexíveis, por meios mais acessíveis. As terapias atendem à classe média alta letrada, como os livros de autoajuda, e descrente. As seitas seduzem os não tão sofisticados e menos “favorecidos”. O paralelo, aqui, é sociológico num sentido amplo. Mas há uma analogia essencial entre religião e terapia. Numa famosa carta ao amigo Oskar Pfister, Freud definiu os psicanalistas, junto com os

Vigília

O olhar de lince fareja o estado de coisas soturnos os meus olhos vagam em decifrar o breu na tentativa de encontrar farol. Os seres obedientes dormem, enquanto as chamas dos globos felinos velam a escuridão do quadro negro com sua própria luz.

Na vida, paga-se inteira!

 “Pra que cara feia?/ na vida,/ ninguém paga meia.” Começo o nosso bate-papo parafraseando o hai-kai simples e filosófico do Paulo Leminski, pensando com os meus tostões. Em certos momentos, você sente vontade de fazer um levantamento do que gastou até os dias de hoje.   E você , já pensou em fazer uma lista? Nunca pensou nisso? Pare para pensar e diminua o ritmo de tarefas no dia-a-dia e leia essa numérica crônica, ou prestação de contas, a quem? Antes de você nascer, lá no laboratório de análises, seus pais começam a pagar para comprovar a sua existência. É a primeira despesa de seus pais na sua vida. Depois, no hospital, seus pais pagam antecipado, pois o plano particular de saúde cobre apenas 50% das despesas, para garantir um quarto, o parto e o bom atendimento adequado, a luz, a água, o primeiro banho em altas doses de uma conta bem maior. Sem falar no número de fraldas, a decoração do quarto, o primeiro berço. Apenas o cartório te oferece um número de registro. Mas esses, d

Agenda do Matarazzo / abril de 2011

Atividades gratuitas Artes Visuais 5/04 à 8/05, na Galeria Takeo Sawada Exposição de Telas: Fases De Markantonio Bulgarelli 5/4 a 8/5, na Sala de Exposição Exposição: Essa Rua que é Minha Teatro Dias 2, 3 e 16, aos sábados e domingos, das 9h às 17h, nas salas Multiuso 3 e 4 Encontro Regional do Projeto Ademar Guerra Voltado para os grupos de teatro de Presidente Prudente e região. O encontro proporcionará workshops e palestras, buscando a integração e aperfeiçoamento no processo de trabalho dos grupos. Parceria: Poiesis   Organização Social de Cultura e Oficina Cultural Timochenco Wehbi, de Presidente Prudente. Música Dia 6, às 19 horas, no Boulevard Os Sombras e Os Temperamentais Música ao Entardecer apresenta: Quinteto de Metais de Presidente Prudente Com repertório que vai do erudito ao popular, o quinteto traz o brilho e a sonoridade dos metais. De 1 a 30, de segunda à sexta-feira, das 8h30 às 20h30 e aos sábados, das 8h30 às 12h30 na Biblioteca Municipal Dr. Abelardo de

Análise sútil da relação pais e filhos

Os atores Roberto Bataglin e Cláudio Marzo Hoje, será exibido o filme Nunca Fomos tão Felizes , um longa-metragem de Murilo Salles, às 19h30, na Sala de Cinema Condessa Filomena Matarazzo, parte integrante do Centro Cultural Matarazzo. Amanhã (2 de março) e domingo (3), o filme será apresentado às 17 horas. Feito com base num conto do escritor gaúcho João Gilberto Noll, tirado de um slogan difundido pela Globo na década de 70. O filme de Salles faz uma análise sutil e emocionada do relacionamento entre pais e filhos, do poder da televisão junto aos jovens que são praticamente abandonados em casa e, em termos genéricos, do isolamento dos guerrilheiros. Exceto na parte política, claramente datada, os problemas abordados em Nunca Fomos Tão Felizes são atuais, pois para muitas famílias a televisão continua a ser uma espécie de babá eletrônica, e as dificuldades enfrentadas por Gabriel são as mesmas de qualquer jovem com pais que se dedicam de corpo e alma a uma causa ou profissão