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Mostrando postagens de 2010

Dissecador da condição humana

O absurdo mundo invisível e a dor Concerto para Arranha-Céus de Ronaldo Cagiano 151 páginas LGE editora Brasília, Distrito Federal Ronaldo Cagiano produz contos curtos, escritos em linguagem tão concisa e fluente que, muitas vezes, chega a (ser) fusão de estilos: seu caminho vai do conto para o poema em prosa e, dele, para o fluxo de consciência. Seu estilo é direto e ágil, e suas narrativas apresentam os dramas de pessoas que se movem entre as expectativas de felicidade e realização que aprenderam a alimentar e a realidade crua e desumana, que as frustram e aniquilam. As relações humanas que apresenta comprovam que a realidade é degradada e cruel: as pessoas se maltratam e se ferem em vez de manter, no cotidiano, vínculos de carinho e respeito. Assim, marido e mulher estão sempre em conflito, pais e mães oprimem os filhos, amigos se confrontam e disputam o poder... Uma odisséia da degeneração feroz onde misturam as influências de Rubem Fonseca, Luiz Vilela, Dalton Trevisan, Nels

Bons conselhos

"Certas criaturas têm a mania de dar bons conselhos precisando tanto deles para si... É o que chamo de cúmulo da generosidade." Oscar Wilde Dos anos 90 para cá, o tipo bom conselheiro, que faz o gênero auto-ajuda ou “camelôs do ego”, fervilha em grande quantidade, geralmente nas épocas de crise, desigualdade social e grandes catástrofes em países da América Latina, fortemente influenciados pela visão maniqueísta da religião. Isto reflete o medo e a insegurança da sociedade em geral.

Correndo direto na veia

Compositor escancara com coragem a sua intimidade A biografia precoce de Lobão, cantor e compositor, mostra-se um trabalho de fôlego: não somente pelo volume de páginas, mas pelas veias abertas de sua vida, escancarando com coragem a sua intimidade. Em cada página, a vida pulsa numa corrente histórica clara que flui sincera e, por este motivo, sente-se a autenticidade, a inconstância de bons e maus momentos, de poucas alegrias, decepções, calúnias, difamações e sensacionalismo barato de alguns meios de comunicação do País. Enfim, coisas da vida, elementos que formam uma vida intensa, agitada e tumultuada, pontilhada de polêmicas e escândalos. Nos anos 80 e 90, tanto ele como Cazuza, não eram bem recomendados por um típico pai de família tradicional. O autor coloca-se na posição de biógrafo e personagem ao mesmo tempo. Sem medos e rodeios o livro “Lobão 50 Anos a Mil” conta, num estilo cinematográfico e repleto de detalhes, a sua relação difícil com o pai, conforme o episódio desag

Frases dispersas no caderno II

    “Nesse caminho em que somos levados pelo eventual, surge e ressurge o meu microcosmo, a minha aldeia, onde evoco os seus percursos sem destino pelas ruas, tentando manter a tradição do caminhante desgarrado da metrópole, a do flaneur se não do flanador. Por flanar, acredito que toda cidade é poética, conquanto seja olhada com olhos de criança...” ***               “Restam as correntes de energia, que lembram muito as leis da Física: do acontecido e do imaginado, da realidade e do texto. Consegui percorrê-las em dupla mão. Do real ao signo, do acontecimento às palavras que o designam e, também, no misterioso movimento oposto, avesso da escrita, do imaginário à realidade por ele constituída, não só trazendo o signo para perto do real, mas elevando o real ao plano do simbólico, para que o acontecido ganhe a luminosa liberdade do imaginado. O reverso da escrita é o que acontece depois do escrito. É a magia, o modo como signos contêm um futuro." *** “Tudo que foge ao nosso c

Duas gerações e três novos livros

Escritores acreditam na contribuição da literatura e do conhecimento ao homem Em 4 de dezembro próximo, sábado, a partir das 20 horas, a Chácara Dona Catarina, praça Governador Valadares, s/nº, em Cataguases, Minas Gerais, vai receber convidados para o lançamento dos livros de três autores cataguasenses: Lina Tâmega Peixoto, Francisco Marcelo Cabral e Joaquim Branco. São duas gerações de escritores da cidade que vêm se dedicando ao trabalho literário há muitos anos e fizeram sua marca cultural em Cataguases e arredores. O evento conta com o apoio da Fundação Cultural Ormeo Junqueira Botelho, Book Link, Editora da Palavra e Funcec/FIC. Lina Tâmega Peixoto apresenta “Os Bichos da Vó” , com ilustrações de sua neta Mônica D.P., uma obra em cores com belos poemas criados por sua técnica e imaginação, agora numa experiência nova pela literatura infantil. Ex-   editora da Revista “Meia Pataca” , na Cataguases dos anos 40, ao lado de Francisco Marcelo Cabral, Lina Tâmega é poeta maior e
Entrevista Carlos Maltz: “O PAPO É POP” O livro é uma tentativa de recriar os diálogos reais que aconteciam na comunidade Primeiro baterista e fundador da banda Engenheiros do Hawaii, onde participou dos mais importantes discos da banda de 1986 a 1996. Construiu o projeto A Irmandade, onde gravou dois CDs (Irmandade e Anjos de Metal). Com a Irmandade, emplacou sucessos como a música "Depois de Nós", que foi regravada no Acústico MTV Engenheiros do Hawaii. Faz participações especiais em shows dos Engenheiros do Hawaii, do duo Pouca Vogal e apresentações duo violões com Marcus Melgar. Seu único álbum solo é “Farinha do mesmo saco” onde iniciou o discurso que o levou a fundar a comunidade virtual chamada "Com-Unidade-1-Manos", os diálogos e a diversidade de pensamentos que motivaram Maltz a escrever o livro, conforme os leitores verão na entrevista que concedeu ao blog. Produziu o primeiro álbum "Conversão Perigosa à Esquerda" da banda curitibana Esquer

Frases dispersas no caderno

Hoje, meus caros leitores e leitoras, vocês vão passear pelas ruas e labirintos das frases que consegui reunir com muita reflexão, café e transpiração no meu caderno de viagem: ***           “Viver seria, então, um ato de espionagem onde sondamos a simultaneidade dos gestos na busca de um argumento, em defesa de nossa própria dimensão cíclica. Contudo, dói-nos que só o presente seja interpretado como fato, que só o instante aja de maneira irrevogável”. *** “As palavras caem e derretem como gelo. Sob a luz cada gotícula recebe as intermitências e disritmias do coração. Veio da água que tento atravessar o canal, mas não me afogo, faço sim, na corrente vida, concreta vela aberta do meu barco.” ***          “Lembro-me de uma máxima comum aos místicos espanhóis – que “o livro não é senão o lugar de encontro de alguém com sua própria experiência”. ***        “Só me interessam os fatos que posso reinventar poeticamente. Não quero o tempo irreversível da sucessão de que se
Exposição “Juntos & Misturados” e lançamento do livro de Fátima Venutti A Fundação Cultural de Timbó, através da Casa do Poeta Lindolf Bell, realizou em 23 e 24 de novembro, a partir das 19h30, a Exposição “Juntos & Misturados”, no Grão Espaço Cultural, pertencente à Casa do Poeta Lindolf Bell (Rua Quintino Bocaiúva, nº 902, bairro Quintino, Timbó, em Santa Catarina.) Na exposição, a Associação de Artistas Plásticos de Timbó, fez uma coletiva de suas obras de arte, mostrando a diversidade de técnicas e temas utilizados pelos artistas da cidade. “A criatividade e a diferença se encontram e se mesclam, para que todos “Juntos & Misturados” mostrem a riqueza da arte timboense”, declara Fátima Venutti, organizadora do evento. Entre os artistas plásticos que participaram da mostra: Arlete Guerra, Bernardete Petermann, Bruna Nicole Tafner, Cornélia Augusta Floriani, Egenolf Theilacker, Elisa Gessner, Elisabeth Germer, Egídio Frankenberger, Eloá Liz, Maria Adelina Costa, Ottom

Encontro com Roland Barthes

            O discurso amoroso, em nossos dias, é um daqueles que se encontram esmagados por outros: pelo discurso político de esquerda (onde o individual é impertinente), pelo discurso capitalista (que usa sua caricatura no marketing), pelo discurso psicanalítico clínico (que tende a reduzí-lo à questão sexual). Sendo oprimido, o discurso amoroso não oprime, entretanto, nenhum outro: é inocente e desprotegido porque é pedido, entrega, queixa; é frágil porque é desordenado, fragmentário, instável. O apaixonado confessa sua covardia, denega a moral vigente ( Fragmentos de um Discurso Amoroso, página 17, de Roland Barthes ) ; o amor faz do sujeito um dejeto social ( Idem, página 23 ) ; o sentido do sentimento amoroso é uma finalidade inagarrável: ele é apenas o sentido de minha força (Idem, página 31 ) .